sábado, 11 de julho de 2015

A OFERENDA SINCERA

Num fim de ano da época em que a família Nakayama estava na maior pobreza, um fiel trouxe belos komotis colocados numa excelente e pesada caixa, dizendo:
 "Peço-lhe para oferecer isto a Oyassama."
Kokan levou imediatamente o oferecimento a Ela, que disse inusitadamente apenas:
"Ah, é!"
E não mostrou nenhum sinal de satisfação.
Dois ou três dias depois, veio novamente um fiel.
Este, apresentando um embrulho simples, entregou dizendo:
"Gostaria de oferecer isto a Oyassama."
O conteúdo era apenas alguns anmotis posto sobre uma casca de bambu.
Como sempre, Kokan levou para mostrar-lhe. Esta manifestou, então, muito satisfeita.
"Coloca-os em oferenda a Deus-Parens imediatamente."
Mais tarde, soube-se que a pessoa anterior era de uma família de muita posse, que havia feito muitos motis no pilão para os dias no Ano-Novo. E trouxe aqueles motis para oferecer à Residência, porque os tinha de sobra. Pessoa posterior era de família pobre, que conseguira fazer aqueles motis com bastante de dificuldade. Como se diziam: "Isto também é graça de Deus-Parens. Os primeiros, no que quer que seja!" Havia retirado os primeiros que conseguira socar e fazer, para levá-los à Residência.
Oyassama sabia perfeitamente o espírito de cada um deles.
São muito numerosos os exemplos parecidos como estes, pois que, depois disso, numerosos fiéis vieram à oferecer-lhe, de vez em quando, coisas raras para que servisse.
No entanto, contentava-se sempre muito mais com o espírito sincero de quem oferecia do que com o conteúdo do oferecimento.
Assim, se era um oferecimento que partia de um espírito de orgulho, embora comesse em virtude do empenho das pessoas mais próximas, dizia:
"Não há nenhum gosto, como se estivesse comendo constrangido quando não se deseja."
E isto era frequente.
Notas:
Komotis é moti pequeno geralmente de forma arredondada.
Anmoti é moti com doce de feijão no seu interior.
Adaptado do livro "IMAGENS DE OYASSAMA - 1 tomo"

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A SOBRA DE AMAZAKE

Oyasama, não se servia absolutamente da comida provada secretamente, mesmo por um capricho momentâneo de alguém, antes de ser-lhe oferecida. Embora Ela tentasse servir, a mão que retinha os hashi não se levantava de modo nenhum.
Havia um vendedor de amazake em Tanbaiti, que vinha sempre, mais ou menos, na hora costumeira em que Ela se levantava da sesta.
Um certo dia em que ele veio bater à porta da Residência, a pequena Tamae, ainda com cinco anos de idade, viu-o e disse à dona Ie Murata que a acompanhava:
“Vamos comprar aquele amazake e dá-lo à vovó. ”
Imediatamente, a dona Ie comprou-o e ofereceu-lhe, que, bastante satisfeita com a bondade da querida neta, tomou a tigela com amazake e procurou bebê-lo. Entretanto, ao leva-lo à boca, a mão subia demasiadamente e não conseguia realizar o seu intento de modo algum.
Dona Ie, diante do fato, disse:
“Ito! Não podemos oferecer isto à Oyasama! ”
E solicitou a Oyasama que devolvesse a tigela com o conteúdo.

Ao pensarem bem no caso, isto era lógico. O vendedor vinha vendendo aqui e acolá. A dona Ie percebeu que, quando ele chegava à Residência, o conteúdo estava em condição semelhante à sobra de comida dos outros.