sábado, 27 de agosto de 2016

SEM EGOÍSMO

No dia quinze do primeiro mês do calendário lunar de 1886 (décimo-nono ano de Meiji), Oyassama, fez mais um sacrifício na Delegacia de Itinomoto. Passou dias e noites por muitas dificuldades, pois estivera durante quinze dias do inverno extremamente frio no quarto sujo da delegacia, assoalho apenas de tábuas, sem qualquer fogo para aquecer.
Foi justamente na manhã do dia seguinte em que iniciou esse sacrifício. Acabava de passar uma noite, sobre uma fina almofada sem algo que servisse de cobertor, exposta ao frio vento noturno a entrar pelos vãos das tábuas.
A noite começou a fugir sob a brancura do claridão. Entretanto, o vigia, cansado da vigília noturna, estava a dormitar agradavelmente. A lâmpada permanecia ainda acesa sobre o estante colocado à mesa em que se apoiava o guarda. Ao verificá-la, levantou-se repentinamente e apagou a chama tremulante.
O guarda pressentindo-a, abriu os olhos assustados e gritou alterado:
"Velha! Que estás fazendo?"
Ela lhe respondeu sorridente:
"O sol se levantou e a luz permanecia acesa. Apaguei-a por ter pena do desperdício."
O próprio guarda não pôde replicá-la diante disso.
Ainda, durante o período em que esteve presa na Delegacia de Itinomoto, ocorreu o seguinte fato:
Certo dia, ela viu através do vitral da janela a imagem de um doceiro que ia caminhando na rua em frente da delegacia. Pediu a D. Hissa que a acompanhava:
"Hissa! Compre aquele doce, por favor."
A D. Hissa respondeu-lhe:
"Não podemos comprar porque aqui é uma delegacia."
Oyassama, mostrando na face uma leve desilusão, disse:
"Ah, sim! Quão aborrecido de tédio não estaria o guarda! Pensei em oferecê-lo ao menos um doce."
O guarda, talvez comovido pela personalidade de Oyassama por estar em contato com tais atitudes e palavras sempre imutáveis e sem egoísmo, deixou escapar às suas impressões a dona Hissa:
"A Velha Senhora não é má, absolutamente, mas os que a cercam é que são maus."

Livro Imagens de Oyassama

domingo, 21 de agosto de 2016

OS ALIMENTOS PREFERIDOS

Oyassama, já em idade bastante avançada, tomava mirin, embora em pequena dose. Tinha predileção especial pelo mirin estufado na Casa de Aguardente Matsumoto da Aldeia de Senzai. De modo que, comprava-se frequentemente numa cabaça para oferecer-lhe.
Ainda, gostava de arroz com batatas, irogohan e demais pratos bem cozidos e macios. Se algum fiel mais íntimo chegava ao quarto dela por alguma necessidade na ocasião de sua refeição, fazia sempre uma espécie de bolinho de arroz na sua própria tigela com os hashis, molhados na água quente, e oferecia-lhe.
"Sirva-se."
Todas as pessoas recebiam-no em suas mãos para saboreá-lo. Isso era conhecido na região de Yamato como te no cubo (palma da mão).
Nessas ocasiões, se alguém fazia cerimônia, Ela se mostrava um tanto desgostoso.
"Não gostas?"
Na época em que rompiam novos brotos de caqui e as suas tenras folhas exalavam seu perfume, gostava muito de saborear sushi enrolado com essas folhas.
Por isso mesmo atualmente, as pessoas conhecedoras desse fato da época em que Ela vivia fisicamente fazem anualmente, com a chegada da estação, tal caquizushi para oferecê-la.

Livro Imagens de Oyassama

sábado, 13 de agosto de 2016

Salvação (A)

No dia dez de janeiro do quarto ano de Meiji (1871) dona Saku Matsumura, acometida por uma febre maligna conhecida na região como tatiyamai, chegou à Jiba para fazer uma solicitação.
Oyassama, explicando-lhe vários pontos da doutrina e retirando um a um os piolhos que se criaram na cabeça da solicitante em virtude da febre, penteou-lhe os cabelos. E ainda, esquentou a água do banheiro e lavou com as suas próprias mãos o corpo desasseado de dona Saku.
Assim, sob esse zeloso tratamento, a moléstia da dona Saku sarou completamente, como por encanto, em apenas três dias.

sábado, 6 de agosto de 2016

O Estreito é que é prazeroso

Este foi um fato ocorrido mais ou menos no tempo em que se havia constituído a Sociedade Meisseisha. O senhor Guenjiro Fukaya estava andando aqui e ali, cá e acolá, propagando a fé e promovendo a salvação cada vez mais entusiasmado, com o desejo de difundir tão excelente ensinamento de qualquer maneira.
Nesse tempo, o senhor Guenjiro estava em condições em que já não havia mais roupas, nem carvão, nem alimento do dia, se não visse a graça do trabalho de Deus-Parens, todavia, conduzia-se sem um mínimo sinal de desânimo.

Então, Oyassama, dizia-lhe frequentemente.

"O estreito é que é prazeroso. Não deves tornar alvo de insatisfação por ser pequeno. Das coisas pequenas é que as virtudes se acumulam e se tornam grandes. O pinheiro também teve a sua época em que foi pequeno. Tenhas prazer das coisas pequenas. Finalmente, irromperam grandes brotos."